De acordo com alguma imprensa, há em Portugal cerca de 19 mil propostas de emprego que os cerca de 560 mil desempregados nacionais não querem.
Logo se levantaram coros imensos, por essas redes sociais fora, contra os malandros dos desempregados portugueses que não querem fazer nenhum e aquilo que gostam mesmo é viver à custa do dinheiro dos outros, encher os bolsos com dinheiro do Estado em vez de irem trabalhar.
Lendo o trabalho publicado no Diário de Notícias pela Carla Aguiar, citando a dirigente da CGTP Maria do Carmo Tavares, "descubro" (ironia pura) que «muitas das apregoadas 12 mil ofertas de emprego por preencher dizem respeito a trabalhos de três horas por dia e a salários de 300 euros e isso ninguém diz». Curioso que muitos se esqueçam de citar estar parte, não é?
Ou será que é justo obrigar os desempregados a abdicar de um subsídio de desemprego já de si penalizador para aceitarem propostas de trabalho destas? Ou, então, daquelas outras correspondentes ao salário mínimo nacional em troca de 12 horas de trabalho?
Ainda no mesmo trabalho, descubro também que o economista Carlos Pereira da Silva, ex- presidente do Instituto de Gestão de Fundos da Segurança Social defende que "os ganhos de produtividade não podem ser à custa de baixos salários, mas de inovação e qualificação". «"Isto não só coloca os desempregados como os culpados da crise - alguns descontaram toda a vida e investiram na sua formação -, como replica o modelo chinês dos baixos salários, que em última análise nos levou à situação em que estamos", disse ao DN».
Mas não será a forma mais fácil de contornar os problemas? Corta-se nas despesas com salários para aumentar os lucros. Pouco importa que esteja mais que provado que este modelo e esta política laboral seja errada.