Diz o novo presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, que «em sede de concentração colectiva, os sindicatos, lamentavelmente», mais um do que outro, «apenas quiseram discutir tabelas salariais, o que inviabilizou ganhos significativos nas empresas em termos da sua modernização», disse, defendendo «novas formas de diálogo» de forma a encontrar soluções para os problemas comuns.
O ideal mesmo, para alguns patrões, e lamentavelmente, ao que parece, para o patrão dos patrões, era mesmo que os sindicatos não existissem. E que os trabalhadores tudo aceitassem sem levantar obstáculos à modernização empresarial que, maioritariamente, apenas está preocupada com a maximização dos lucros e a sua distribuição pelo patronato. Basta ver que quando uma empresa dá lucro ele é quase sempre distribuída pelos administradores, mas quando dá prejuízo são os trabalhadores que são despedidos ou vêem os salários reduzidos.
O partido que suporta o Governo pretende "mover" dois feriados religiosos e dois feriados civis para que eles não permitam a realização de pontes.
Eu, olhando friamente para esta proposta, fico preocupado. Sobretudo quando ouço uma deputada dizer que «por exemplo, se o 25 de Abril for a uma quinta-feira, poderá passar para a segunda-feira seguinte. “O que interessa é o conteúdo e não o dia do próprio acontecimento”, justificou a deputada Teresa Venda».
Parece-me a mim que começa a ganhar cada vez mais força a ideia de algumas correntes políticas e ideológicas, que pretendem apagar da memória do povo dias fundamentais na história do nosso país, dias que ilustram a força do povo, dos movimentos sociais e dos movimentos sindicais.
Por que é que então o mesmo partido, em vez de avançar com esta ideia peregrina não proibe, pura e simplesmente, as pontes na Função Pública? Por que não estabelece que, seja o feriado no dia da semana em que for os dias úteis de trabalho são para trabalhar e não para ficar em casa? É que o exemplo parte de cima e todos sabemos que os senhores deputados são os primeiros a fazer a pontezinha assim que vêem ao longe a sombra de um feriado numa quinta ou terça-feira.
Um artigo muito recente por mim assinado no meu jornal valeu-me um chorrilho de insultos e insinuações - quer nas caixa de comentários do texto, quer em diversos blogues - que em alguns casos, querendo, davam lugar a uma queixa crime por difamação.
Ignoro isso e limito-me a uma evidente constatação: a manipulação que as pessoas, querendo, fazem da informação que lêem dá para tudo. E mostra que muitos daqueles que frequentam a blogosfera e os media online são muito mal-formadas.
As palavras saem com algum receio e parecem sinceras. Diz que é de Viana do Castelo, que esteve preso e que não consegue arranjar trabalho nem na construção civil. Diz que não quer dinheiro. Pede desculpa estar a incomodar. Que é confrangedor. Pede apenas se lhe posso pagar um lanche e um sumo. Que tem fome.
Eu desconfio. Como sempre desconfio de quem me aborda no meio da rua e não conheço. Mas, mesmo tendo noção que posso estar a ser enganado, não consigo dizer que não a quem me pediu de comer. Não quer dinheiro. Quer comida. E comida não se nega.
Num país que se quer desenvolvido, um aluno, porque tem 15 anos, ou mais, e ainda não conseguiu acabar o 8.º ano pode passar para o 10.º se passar nos exames especiais do 9.º ano.
Cheira a medida mais preocupada em obter resultados estatísticos para europeu ver do que propriamente a medida para promover a boa formação escolar. Já agora, será que no futuro os alunos com mais de 20 anos e que ainda não tenham concluído o 11.º ano vão poder candidatar-se directamente à universidade, desde que passem nos exames nacionais?
António Saraiva, presidente da CIP, e Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN, são os convidados do Sindicato dos Jornalistas (SJ) para o debate sobre a crise e o PEC a realizar na sua sede, no dia 8 de Junho, às 21 horas, com a moderação da jornalista Helena Garrido.
Pretende-se nesta conversa com o secretário-geral da maior central sindical portuguesa e o presidente da associação patronal perceber o que pensam os trabalhadores e os patrões portugueses acerca da crise nacional e quais as medidas que consideram mais eficazes de sair dela.
Será que o PEC e as políticas de austeridade que se seguem são a única solução possível? Ou, pelo contrário, esta fortíssima austeridade decretada em toda a Europa vai apenas provocar uma profunda recessão económica? Estas são algumas das questões que estarão sobre a mesa no debate do próximo dia 8 de Junho às 21 horas na sede do Sindicato dos Jornalistas, na Rua dos Duques de Bragança nº7, em Lisboa. (via Sindicato dos Jornalistas)