O debate já foi feito há uns anos largos, entre os jornalistas, mas um grupo de pessoas tem procurado, nos últimos dois anos, trazer de novo o debate da Ordem dos Jornalistas para tema do dia. Um dos argumentos maiores utilizados é o de que é necessário criar um organismo, independente dos jornalistas e do poder político, que regule a deontologia profissional, uma vez que, dizem, a auto-regulação não tem funcionado.
Por diversas razões, em dez anos de profissão, sempre me opus a uma ordem profissional dos jornalistas. Por entender que, nesta profissão, é algo que não faz sentido e mais não seria do que a criação de uma montra de vaidades para alguns e, principalmente, de um controlo inadmissível no acesso à profissão.
Hoje, no Porto, o ministro da Ciência e da Tecnologia, de acordo com notícia da Lusa replicada pelo Público, meteu o dedo na ferida e fez um ataque violentíssimo às ordens profissionais em Portugal e acusou-as de apenas quererem deter a chave da porta de acesso à profissão, desculpando-se com a necessidade de existirem para controlar (regular para ser simpático) a deontologia profissional. Sem deixar de apontar o dedo acusatório à complacência parlamentar.
Diz Mariano Gago: «“Chegam lá ao gabinete e dizem-me: ‘Senhor ministro, desculpe lá, quer proletarizar esta profissão? Arranje uma maneira de fechar estas entradas, seja como for’”, referiu, citando o estilo de conversa dos representantes das ordens profissionais.»
E acrescenta: "A complacência, a cedência corporativa a quem chateia o parlamento com o argumento de que não se pretende fechar o mercado de trabalho - que ideia! - e apenas se quer fazer deontologia, é absolutamente extraordinária".
Creio que é um discurso interessante para ler. Sobretudo aqueles que com tanto afinco querem promover este debate na classe!