Há três anos quase, um grupo de 30 jornalistas chegou um belo dia de manhã à redacção do Primeiro de Janeiro e deu com a porta fechada. Não puderam entrar no seu local de trabalho. Na véspera tinham ficado impedidos de aceder aos seus computadores. O patrão - que tem nome e se chama Eduardo Costa - não lhes pagou uma série de salários e deixou-os a contas com dívidas à Segurança Social, dos quais não era culpados, porque muitos contratos eram ilegais.
Durante vários dias desse verão quente sucederam-se os rumores e as notícias, chegando a envolver a própria ERC (que nada pôde fazer). Um dos quais que o jornal encerraria durante o mês de Agosto para reformulação gráfica, voltando no mês seguinte como título gratuito. Outro que o jornal encerraria em definitivo, pondo fim a 140 anos de história. Depois os relatos de que o jornal fechava no fim-de-semana para regressar na segunda-feira seguinte. Ao que se seguiram as notícias de que as edições seguintes, até à tal reformulação gráfica, seriam asseguradas pelos jornalistas de outra publicação detida por Eduardo Costa: O Norte Desportivo, cuja redacção ficava paredes meias com a redacção do Janeiro, forma como é mais conhecido o título.
Mas as surpresas não ficavam por aí. Outra das descobertas do grupo de cerca de 30 jornalistas foi que a entidade que os empregava - a Sedico - se encontrava registada numa morada falsa, pertencente a um antigo stand de automóveis. Uma história com contornos rocambolescos, que na altura relatei. No meio de tudo isto há um espólio enorme que não se sabe ainda muito bem o que lhe vai acontecer.
Ontem, quase três anos depois, os jornalistas, que moveram uma acção contra a empresa, pelo despedimento ilegal que sofreram no Verão de 2008, compareceram numa audiência preliminar no Tribunal de Trabalho do Porto. Eduardo Costa não. O caso continua a arrastar-se na Justiça.
Incompreensivelmente, o Estado português - através do Ministério das Finanças e do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social -, um dos principais credos de Eduardo Costa (que se apresenta, imaginem, credor de si mesmo), nada parece fazer e as dívidas continuam a acumular-se.