Foi gozado, considerado desbocado e, até, meio louco. Mas cada vez mais me convenço que Manuel Pinho tinha mesmo razão quando, na China, apresentava como uma das mais-valias do mercado de trabalho em Portugal os baixos salários.
Basta ver como uma empresa de comunicação social pretende conter custos reduzindo os salários ligeiramente acima dos mil euros. Ou como os cortes salariais na Função Pública foram para os salários acima dos 1500 euros - aqueles que na prática ganham para aí 1200 euros.
Veja-se ainda como o patronato, com a benção da troika PSD+CDS+PS, se prepara para reduzir os custos com os despedimentos introduzindo um limite máximo de doze meses de indemnização. Ora sendo esta uma medida considerada extremamente útil para a revitalização das empresas, mas só tendo efeitos práticos daqui a 13 anos, é legítimo acreditar que o próximo passo é estender a lei aos contratos já em vigor.
Tudo resumido, reduz-se o poder negocial do trabalhador, retiram-se-lhe direitos e diminui-se o seu poder de compra ao mesmo ritmo que se acentua a sua dependência da boa-vontade do patrão.
Perante tudo isto, quem é mesmo meio louco? Manuel Pinho ou nós, que aceitamos isto tudo pacificamente e achando que estamos perante as melhores medidas económicas, financeiras e sociais do mundo?