Tal como muitos temiam, os mercados não reagiram bem ao chumbo do PEC IV e ao pedido de demissão do primeiro-ministro. As taxas de juro dispararam e bateram recordes. Como se esperava ainda, na Europa aumentaram de tom as vozes que exigem que Portugal recorra o mais rápido possível ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. A começar pelos nossos vizinhos espanhóis, que temem que os mercados, depois de arrastar Portugal para a ajuda externa, se viram para Castela.
Ouvia ainda há pouco o António Esteves Martins, correspondente da RTP em Bruxelas, recordar que as medidas que compunham o novo PEC tinham o aval e a chancela da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. E ouvira antes que o PSD, chegando ao poder, pondera desde já aumentar a taxa máxima do IVA, o que permite, em tese, reforçar a obtenção imediata de receita. Resta saber o efeito que esse aumento terá no consumo.
No meio de tudo isto, eu, que nunca gostei dos governos de José Sócrates, continuo convencido que as alternativas não o são verdadeiramente e que, na prática, quem vai continuar a sentir no bolso os efeitos da crise.
Resta saber quanto tempo vai demorar até que os senhores do Fundo Monetário Internacional deixem de dar indicações governativas por telefone e venham instalar-se nos gabinetes dos ministérios portugueses. E descobrir - esta rapidamente - quais os verdadeiros efeitos desta crise política.