Aconselho vivamente o visionamento desta palestra.
O título é roubado ao Delito de Opinião e pretende, só e apenas, chamar atenção para um texto ali destacado sobre um mestrado da ministra da Educação.
«"A Meu Ver" e "Contos de Natal" são os mais recentes projectos da RTP, em que os protagonistas não serão profissionais da televisão, mas sim estudantes universitários. (...) A estação disponibilizará ainda o material audiovisual e escolherá, posteriormente, as quatro melhores reportagens para exibir, mais uma vez, em canal aberto. Os vencedores terão ainda a oportunidade de estagiar durante dois meses na RTP.»
Numa acção de "mecenato", a RTP abre as portas da sua casa a jovens de cinco universidades portuguesas. Segundo o presidente do conselho de administração da rádio e televisão pública, o objectivo é "aproveitar talentos, experiências e recursos humanos" existentes nas universidades.
Boa... Aproveitar os recursos humanos das universidades. Já agora, se não levarem a mal, fica a questão: este "aproveitamento" de recursos é a título gratuito ou pagam qualquer coisita aos universitários?
Não deixa de ser curioso que sejam os próprios organizadores a reconhecer a precariedade actual da profissão: "Existem cerca de 23 cursos de comunicação social no País, dos quais saem 1200 novos licenciados a cada ano. Apenas 10 a 15 têm emprego e a maioria não tem forma de mostrar o que vale", sublinhou Mário Augusto.
Num país que se quer desenvolvido, um aluno, porque tem 15 anos, ou mais, e ainda não conseguiu acabar o 8.º ano pode passar para o 10.º se passar nos exames especiais do 9.º ano.
Cheira a medida mais preocupada em obter resultados estatísticos para europeu ver do que propriamente a medida para promover a boa formação escolar. Já agora, será que no futuro os alunos com mais de 20 anos e que ainda não tenham concluído o 11.º ano vão poder candidatar-se directamente à universidade, desde que passem nos exames nacionais?
"Se o meu destino é sofrer dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim - e não tendo eu outras fontes de rendimento -, a única solução apaziguadora será o suicídio." (L.V.C.)
Contam o jornal i e o jornal Público na sua edição de hoje que um professor de uma escola de Sintra, cansado da violência psicológica e física de que seria alvo por parte dos alunos, saturado da falta de apoio da escola, deprimido por uma vida profissional que não seria aquilo que sonhara "na manhã de 9 de Fevereiro (...) parou o carro no tabuleiro da Ponte 25 de Abril, no sentido Lisboa-Almada. Saiu do Ford Fiesta e saltou para o rio".
«Alguns professores testemunharam a "humilhação" de L. V. C. nos corredores da escola e sabiam que se sentia angustiado por "não ser respeitado pelos alunos"». E não houve intervenção de ninguém?
Questão: havendo participações disciplinares e queixas escritas do professor à direcção da escola como é possível que alguém que tem em mãos uma das mais nobres missões na vida - ensinar - acabe completamente isolado, sozinho, chegando a um ponto em que a única solução que vê para a sua vida, para os problemas profissionais, é precisamente colocar um fim à mesma?